sábado, 28 de março de 2009


O EQUILÍBRIO DA VIDA
O excesso de luz cega a vista.
O excesso de som ensurdece o ouvido.
Condimentos em demasia estragam o gosto.
O ímpeto das paixoes pertubam o coracao.
A cobica do impossível destrói a ética.
Por isso, o sábio em sua Alma
Determina a medida para cada coisa.
Todas as coisas visíveis lhe sao apenas
Setas que apontam para o Invisível.
Esse é o tal do TAO. :)
(Valeu luquinhas... )

sexta-feira, 27 de março de 2009

ESSA VALE A PENA!

Essa não é uma coluna sobre cultura, é sobre educação. Mas o que tem mais a ver com a cultura do que a educação?
Todo estudante universitário já ouviu falar do Currículo Lattes, todo aspirante a Mestre ou Doutor decerto já fez o seu e àqueles com pretensões acadêmicas é imprescindível atualizar seu Lattes pelo menos duas vezes por ano. O Lattes é critério quase universal para seleções de programas de pós-graduação do Brasil e do exterior, além de ser fundamental nas bancas de contratação de professores universitários em concursos e editais. Mantido pelo CNPq, é uma forma democrática de centralizar as informações acadêmicas de todo país, permitindo aos pesquisadores encontrar colegas de áreas afins e, a quem seleciona, avaliar a produção científica do aspirante à vaga.
Os críticos dizem que o Lattes transforma todo o esforço intelectual dos pesquisadores em quantidade, em números, simplificando e até ridicularizando uma produção eminentemente qualitativa. Ocorre que no final do Lattes há uma tabela informando quantos artigos foram publicados, quantos livros ou capítulos de livros, de quantos congressos o fulano participou. Mas até aí nenhuma novidade, se você começou a ler este texto provavelmente já sabe o que é e como funciona o Currículo Lattes. A novidade é que um bom Lattes tem preço.
Com o crescimento dos cursos de pós-graduação no Brasil e o amadurecimento da Plataforma Lattes, a corrida por "qualificação" tem sido grande, e a lógica quantitativa acaba incentivando a formação de um verdadeiro "mercado acadêmico". Já havia percebido isso ao me inscrever em um congresso, no meu caso o da ABRAPLIP, mas poderia ser de qualquer área e em qualquer lugar. Se você quer que seu trabalho seja apresentado, antes da inscrição deve enviar um resumo e aguardar o aceite. Elaborei o resumo, nas normas que exigiam, e o submeti. Em poucas semanas, um e-mail informa que o trabalho foi aprovado, e o ingênuo aqui fica feliz da vida: vai no site, preenche a ficha de inscrição, imprime o boleto, paga no banco a taxa de cento e poucos reais (há eventos de R$ 300,00, R$ 500,00, e por aí afora, especialmente se você for da área de Medicina ou Direito). No dia da minha apresentação no evento, a surpresa: havia cinco pessoas na sala: um professor e quatro apresentando trabalhos. Público para quê? Discussão para quê?

Afinal, dali sairemos com um certificado (enviado por e-mail), um CD-ROM e um número a mais no Lattes!
Evidentemente, a proporção não é um por um, mas tão evidente quanto é que os congressos hoje estão inchados com dezenas de apresentações de trabalhos, e o aceite desses é uma mera formalidade. Um trabalho medíocre será aprovado se não comprometer o evento e o autor lá estará, enquanto um aluno excelente que faça um artigo excelente mas por algum motivo não possa pagar a inscrição, ah, esse não estará lá. Afinal, sai caro um bom Lattes...
Mas vamos além, afinal de contas, poucos dos que se aventuram em cursos de pós-graduação não teriam dinheiro para a inscrição de um evento desses. E a passagem? E o hotel? E férias, para quem não tem bolsa? Sim, porque se você tiver pretensão de dar aula na USP, na UFRJ ou na UFRGS, é bom sua vida acadêmica não ficar restrita a Cacimbinhas, é bom você ter ido aos eventos nacionais mais importantes da sua área, ter contatos, viajar. E não espere algum desconto especial para viagens acadêmicas por parte das companhias aéreas. Muito menos bolsas oferecidas pelos cursos de pós-graduação, a não ser em raríssimos ― e discutíveis ― casos. Afinal, sai caro um bom Lattes...

Infelizmente, não é só isso. Estávamos tão acostumados a participar de congressos e pagar por isso, estamos tão satisfeitos em aproveitar esses eventos para fazer turismo pelo Brasil (ah, claro, ninguém acha que o controle de presença nesses eventos seja muito rigoroso, né?) que nem percebemos o quão injusta é essa lógica do "pagando bem, que mal tem". Quero ir além. De uns tempos para cá, tem se tornado comum no Brasil pagar pela publicação de artigos! Sim, os artigos científicos, tão puros, tão imparciais, tão citados como referência do conhecimento pela mídia, pelos nossos professores, publicá-los também tem um preço, e bem salgado.
Ainda não havia me acontecido isso, mas uma amiga da área da Enfermagem ousou submeter seu artigo de conclusão de curso para a Revista Gaúcha de Enfermagem e, adivinhem, o artigo foi aceito para a publicação com uma condição: ela e as outras duas autoras do artigo deveriam ser assinantes da revista para essa publicação, e, claro, isso tem um custo: R$ 130,00. Cento e trinta! Fiquei pensando se já aconteceu de alguém enviar artigo e ele não ser aceito, afinal cenzinho é cenzinho...
Pensei em reclamar para a UFRGS que uma revista com seu logotipo fizesse esse tipo de coisa, mas a Universidade está em férias. Entrei em contato, então, com a Ouvidoria do Ministério da Ciência e Tecnologia, a fim de denunciar esse tipo de abuso num país e numa universidade que lutam pela inclusão acadêmica de negros e pobres. A resposta, conclusiva, me fez perceber que o Lattes realmente tem preço:
Prezado Marcelo,A cobrança para publicação de artigos é prática frequente na área internacional, inclusive porque alguns periódicos científicos são bancados pelos próprios autores. A informação, pelos custos que envolve, resulta cara. No Brasil, esta prática ainda não está amplamente disseminada mas já é praticada, principalmente na área médica.No caso específico, segundo sua informação, o pagamento não é propriamente pelo artigo, mas para que ela se torne sócia da revista. Sugerimos que consulte a política editorial do periódico, que deve estar impressa na própria revista ou no seu site. A política editorial informa quais são os critérios utilizados para seleção e publicação de artigos.Nada obstante, caso ela não concorde com o critério, pode submeter seu artigo a outros periódicos que não exijam contrapartida financeira. Seguramente na sua área de especialização existem vários em todo o Brasil.Atenciosamente,Ouvidoria-Geral do MCT
Indignado, entrei em contato com minha orientadora de graduação, uma professora muito amiga, Doutora em Comunicação. E aí a professora me lembrou de que quando terminou seu Doutorado, recebeu pelo menos cinco cartas a parabenizando e a convidando a publicar seu belíssimo trabalho em livro. Mas, é claro, um livro acadêmico é sempre importante e, afinal, sai caro um bom Lattes. Caro quanto? Cinco mil reais.
Não posso concordar com essa lógica, e me surpreende que entidades como a UNE fiquem mais preocupadas com o preço da passagem de ônibus do que com esse tipo de descalabro. Não é novidade alguma que a seleção para os cursos de pós-graduação passam por critérios pessoais, políticos, nada objetivos, e no momento que se cria uma ferramenta para tornar a escolha um pouco mais democrática, admitiremos que essa ferramenta sirva para privilegiar os estudantes com mais poder aquisitivo? Sem demagogia, dessa forma algum pobre que entrou na universidade pelas cotas ou pelo Pró-Uni conseguirá ingressar em Mestrados e Doutorados a partir desse critério mercantilista?
Para mim, o caso é muito grave. São essas pessoas com Lattes recheados que irão lecionar nas universidades federais e particulares (e há aos borbotões), são elas que irão formar os futuros médicos, advogados, jornalistas, professores? E quais os valores que essa geração acadêmica tem a passar? O valor do "quanto mais, melhor", do "quem pode mais, chora menos"? E essa realidade, todos sabem, se reflete desde o Ensino Fundamental, onde as creches e escolas públicas são cada vez mais abandonadas e as particulares proliferam e profissionalizam- se. Mas aí já é assunto para outra crônica...
Para terminar, quero deixar aqui uma conta rápida ilustrando a grosso modo quanto custa rechear seu Lattes. Aqui não estou contando a vida escolar, apenas acadêmica:
Graduação: 48 mensalidades de R$ 1000,00:R$ 48.000,00
Mestrado: 24 mensalidades de R$ 1000,00:R$ 24.000,00
Doutorado: 48 mensalidades de R$ 1000,00:R$ 48.000,00
Participação em 1 evento nacional por ano (10 anos), com inscrição e passagem:R$ 10.000,00
Participação em 4 eventos regionais por ano (10 anos), com inscrição de R$ 50,00:R$ 2.000,00
Pagamento da "assinatura" de 3 revistas científicas da sua área por 10 anos:R$ 4.500,00
Publicação de um livro com sua dissertação de mestrado e outro com a tese de doutorado:R$ 10.000,00
Participação de um congresso no exterior, com possibilidade de ficar um mês na Universidade:R$ 3.000,00
Total, sem levar em conta os juros: R$ 151.000,00
Resumo da ópera: é mais fácil comprar um posto de gasolina do que rechear seu Lattes e dar aula numa boa Universidade Pública. E depois não querem que os professores torçam o nariz para os programas de inclusão... Marcelo SpaldingPorto Alegre, 5/3/2009
in: http://www.digestivocultural. com/colunistas/ coluna.asp? codigo

segunda-feira, 23 de março de 2009

Os mIcos MaluCos

Nada como um encontro de bons amigos que não se vêem há muito tempo. E nada como comemorar isso em lugares especiais, como no meio da mãe natureza e em grandes picos como a Ponta dos Seixas. É a gente queria ficar o mais perto possível da África. Só que mais do que uma pedra, tinha um mar enorme no meio e não seria aula de natação que resolveria o problema, mas de toda forma devíamos ter chamado o nadador famoso, talvez ele fosse gostar da programação. Potato! Ele gostaria.

Trilhas bonitas, praias do litoral norte ao sul. Não vou dizer se o pior foi alguém viajar de Tocantins até a Paraíba pra me ver com direito a todos os infortúnios do mundo, ou se foi escutar essa ladainha na minha cabeça todos os dias, como um sino de igreja tocando e nem lembro mais o número de quilômetros. Eu não NEGO vai, foi um herói. Mas de qualquer forma, lembro das aulas de matemática da sexta série, quando eu era uma boa aluna, e o sinal de está contido para mim pode ser elevado, nesse caso, a uma potencia de base dez, ao número de viagens que foram possíveis em uma única viagem. E eles estavam presentes em todas elas: Os micos, vulgo sagüins.

Até o momento eu achava esses animais muito simpáticos. Se não fosse a ocasião em que pareciam mais saqueadores. O ser humano se acha mesmo, mas talvez mudasse de idéia se estivesse no meio de uma revolta dos micos assassinos do litoral. E quantos eram! Incontáveis. O ataque começou por terra, um ou dois lentamente, devem ter o olfato bastante aguçado, depois foi aéreo, e essa era a maior especialidade deles, muitas árvores e muito gingado, as minhas percepções já não davam mais conta da sua agilidade. Praticamente um bombardeio. Eram muitos! E as crianças inocentes pagando pra ver, são eles de novo! Até aqui! Talvez eles quisessem só se aproximar, puxar uma banquinho e sentar, mas o sentimento natural dos animais seria fugir, ou reconhecer outra espécie com um sentimento de medo. Não era o caso deles. Além do que era muito surreal aquilo tudo, já imaginou várias cenas repetidas em locações diferentes, mas um pedaço da Mata Atlântica sempre estava lá, vai. Só que ela não saia em comboio atrás das pessoas!

Verdadeira perseguição. Foi difícil sobreviver, se não fossemos tão bem treinados, a correr, lógico, tinham nos deixado de tanga literalmente. E as pessoas ainda não acreditam, acham que é história de pescador, canto da carochinha... Mas hoje penso que isso poderia ser evitado. Só era ter deixado uma coisa pra o santo, ou... Para os micos. Aí tinha ficado tudo em paz. A gente ainda paga mico só para vocês.

domingo, 22 de março de 2009

AS REFORMAS DO CFHC (Hard Core)

Sinistro. É como se pode descrever uma idéia de colocar certo montante de indivíduos juntos num prédio vertical de quatorze andares, onde não se encontra muitos espaços arquiteturais de sociabilidade além de salas de aula e corredores. Desculpem-me. Esqueci dos elevadores. É Importante lembrar-se deles já que seu funcionamento é tão essencial para a vida cotidiana na metrópole. Filas são típicas, esperar o próximo, ou subir as escadas, depende da hora marcada, que por vezes difere da hora chegada. Mas enfim, ele chega. Na hora que todo mundo consegue entrar, sem considerar as vezes em que algumas pessoas tem que esperar o próximo, alguém sempre chega por último e quase perde o braço na porta. O elevador está no térreo. - Tá subindo, vem a pergunta. Como se tratam de pessoas apressadas, acho que decidem responder rapidamente sem pensar, nem titubear: sim. É, mas pelo o que eu saiba apesar do aspecto de reforma que rodeia todo o prédio, isso não significa que está tendo uma expansão, assim como nos shoppings centers, e que se criaram andares de subsolo, mezanino I e II, nem salão de festas. De repente poderia ser um ambiente de sociabilidade. Contudo, não é esse o caso até agora. Se bem que com as parcerias público-privadas, nem me meteria a duvidar dessa possibilidade. A questão é que subir pra cima, e descer pra baixo, é um tanto redundante por assim dizer. Mesmo assim, eu sonhei um sonho. Sonhei que existiam praças, bancos, mesinhas, jardins, pessoas ocupando o chão de forma irregular, conspirações, intervenções e piracões. E que a nuvem de poeira passaria, para dar lugar a idéia de Aristóteles sobre a função das tragédias. De emancipar o ser humano através do equilíbrio dos seus sentimentos bons e ruins. Um refletir sobre si mesmo, a vida como um espelho de si. Além de um distanciar-se para fora de si e olhar melhor para dentro. É, parece uma coisa espírita, não é. De você sair do próprio corpo. Mas é bem por aí mesmo. A catarse. Enquanto, muitos seres, eu entre eles, não consegue a completude do sentimento de catarse, se deve permanecer a assistir a tragédia e buscar seus conhecimentos. Se aprofundar na verdade do mito, do que na ilusao que ele contém.