sexta-feira, 14 de novembro de 2008

BOM mac DIA lanche feliz pra vc


Durante muito tempo acreditei no poder das palavras. Principalmente naquelas que além de cumprimentos cotidianos, tem algum significado. Um bom dia, oi, ou um oi, tudo bem? por exemplo, não deveria servir apenas como um teste de canal de comunicação, mas como uma pergunta que pressupõe respostas, logicamente. Pensar-se-ia. Contudo, a velocidade das relações, as ocupações e o ritmo frenético da vida não dão espaço para que: primeiro, as pessoas parem para escutar as outras sobre suas respostas, e segundo que as pessoas tenham tempo para parar e contar suas lamúrias e lamentações, glórias e explosões de felicidade.
Isso sem falar que ponhamos então uma semente de dúvida em se há mesmo intenção nas pessoas de ter essa pergunta respondida. Isso, não é uma tentativa de dizer que o “homem bom” se tornou mal, mas apenas de levar em conta que houve uma banalização do sentido real das palavras, o que por sua vez gerou um reflexo sobre se é importante mesmo se importar com o outro. É pra ser redundante mesmo!
Importam-se cumprimentos, e troca-se por cabeças de lagartixas!
É uma mera repetição dos usos e abusos das expressões cotidianas: oi, tudo bem? Tudo bom? E aí, como é que tá? Tudo bem? Tudo bom? É uma incrível sátira de um ambiente familiar, que é totalmente impessoal.

É claro que não podemos esquecer que uma vez ou outra, encontra-se um espaço onde se pode responder, ocasionalmente, sobre o seu verdadeiro estado de espírito.

É quase um sentimento de se vencer uma copa do mundo no Brasil, e olhe que do jeito que a seleção anda ruim das pernas, essa esperança é quase tão similar quanto. Não estou esperando também, encontrar uma sessão terapêutica em cada pessoa que se encontra no caminho. Já pensou! Caso isso acontecesse, ninguém chegaria ao trabalho no horário certo, os engarrafamentos virariam encontros cotidianos de pessoas que se encontram no mesmo horário e compartilham as suas vidas, riem e choram.
Talvez isso fosse, o famigerado caos? E não o que vivemos hoje? Dependendo do olho de quem vê, ‘o copo pode estar meio cheio ou meio vazio’.
O fato é que, em virtude das normas sociais e de conduta com os outros que estão ligadas a uma ética geral, que determina como deve ser o seu comportamento “normal” diante das pessoas, é quase impossível dizer que você saiu de casa para o trabalho e o carro quebrou, tinha que deixar duas crianças na escola e elas chegaram hiper atrasadas pela terceira vez na semana, e a orientadora escolar chamou sua atenção, e que quando você caminha saindo de lá para pegar um ônibus, começa a chover repentinamente, é claro que você não tem sombrinha e ainda por cima leva aquele banho de lama de um caminhão feroz que ia passando, mas quando você chega ao trabalho só a famosa “bandeira do pirata” e te perguntam, oi, tudo bem?

Claro que ninguém imagina o dia que você teve, e daí você responde calmamente, depois de inflar o peito, e respirar lentamente: - Tudo bem. Tudo tranqüilo. Contudo é preciso insistir que nem sempre dá pra não se fazer jus ao instinto, ou mesmo a um desejo ou impulso interior maior: de ser amoral, ou imoral, como preferirem, se assim se pode chamar.
Afinal, quem está sendo imoral a sociedade ou o indivíduo?
Concordando com Foucault que ‘todo desejo tem sua própria ética’, isso me permite dizer:
Foda-se os bons costumes! O meu dia foi caótico. Essa é a verdade.
Mas se preferirem continuar escutando os ecos das suas perguntas nas minhas respostas, continuarei apenas balançando a cabeça como uma lagartixa e sendo obediente a moralidade. Até que o “tudo bem” deixe de ser uma saudação, e volte a ser, se um dia assim o foi, uma expressão que implica uma resposta real, ou então brindemos a sociedade das lagartixas.
Eu nunca tive medo de lagartixas mesmo.

Bárbara Duarte, e o dia finda!


Foto: Helder Oliveira
Título: Antônio Fabrício

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

|__ARES E MARES DA CIÊNCIA ESTACIONADA__|


Ares e mares...

Em que terra andais?
Que caminho alçais?

Universos circulares, cíclicos e elementares
Lugar... Lugares...
Cidade... Cidades...

Em qual estais?
Onde se encontras?
Pra onde vais?

Linhas formadas pelo tempo
Homem, espaço e vento
Tento, sento, invento

O velho se faz novo
Na novidade do momento

Linhas centenárias concretas
Curvas e retas
Obliquas ou não

Pés nos chão
Pensamento e imaginação
Vislumbre, capricho... O bicho

Elevação natural
Que instiga o surreal
Sem dúvidas, maestria colossal
por dinho
foto: helder oliveira
Ñ PRE_CISO
⌂...............⌂
SER_ _COM

ANNELLUS (2005)

foto: helder oliveira (série annellus)