sábado, 29 de novembro de 2008

A POEIRA NÃO TEM EIRA NEM BEIRA

Debaixo dos utensílios mais comuns que são usados todos os dias, encontramos vestígios de poeiras. Não sujeiras comuns, afinal, se os utilizamos todos os dias, pressupõe-se que deve existir uma “certa” higiene, no mínimo. Talvez a política “higienista” tenha contribuído para isso: Não sei. O fato é que apesar de cotidianamente utilizarmos diversos itens corriqueiros, não percebemos que sempre existe algo por trás das coisas, mesmo elas sendo consideradas ‘as mais simples possíveis’.

Um amigo meu um dia me questionou soube a validade da vida, diante de uma ditado inglês que se refere à situação de um “sanduíche de merda, que tem mais merda do que pão”. De fato, acredito que sanduíches não são das melhores alimentações, e nesse caso especifico, prefiro confiar que, apesar do discurso religioso dizer que “nem só de pão vive o homem”, é melhor pedir um sanduíche de pão sem recheio, afinal, apesar das minhas inúmeras tentativas, tenho que admitir que é bem difícil viver só de luz (Esse tema é corriqueiro, porque é difícil se alimentar quando se mora só). Ou pelo menos o meu corpo dá sinais de que definitivamente não é uma planta que pratica fotossíntese.

Mas voltando ao assunto principal do texto, se é que existe algum, estou me referindo a como é difícil percebemos as ‘poeiras’ cotidianas nos elementos mais comuns e mais próximos de nós. Leia-se poeira no sentido denotativo, mas também no conotativo. As coisas podem ir e vir terem um tempo durável, mas se têm alguma coisa que temos que conviver a vida inteira é com a poeira. Ela também vai e volta, dependendo da política de cada um para sua aniquilação momentânea, contudo, sempre nos acompanha.

Não só os objetos guardam esse símbolo da estagnação, mas os seres humanos são os que têm uma grande facilidade para se tornarem seres empoeirados. Ou mesmo, deixar com que a poeira permaneça na sua vida. Não acredito numa vida desempoeirada para falar a verdade, talvez fosse até muito mais chata do que esta. Hoje acordei com o nariz um pouco entupido, um misto de um circulador de ar que resolveu redundantemente, ‘circular’ a poeira, e de alergia ao ventilador. Entretanto, acho que nossos narizes deveriam ser cada vez mais capazes de identificar esse elemento que acaba por muitas vezes estagnar a vida dos seres humanos, quando existe em demasia.

Será que apenas uma boa faxina externa e interna resolveria o problema? E ao mesmo tempo, vejo como importante uma dose de poeira, já que ela representa certa identidade, afinal se já esta lá há muito tempo, isso deve ter algum significado.
A questão que se coloca é que, não devemos respeito aos mais velhos, apenas porque são mais velhos. (Que algum grupo da terceira idade entenda que não é pretensão minha lhes faltar com desrespeito, pelo contrário). Afinal os mais idosos nos mostram como é possível conviver com a poeira por mais tempo. Pra ser mais objetiva, acredito que apesar da vida ser cheia de traças, bichinhos, e outras coisas que a poeira e sujeira constantemente permitem juntar, há que se entender que desde crianças criamos anticorpos para todas as possíveis doenças que possam advir da imundície a qual temos que sobreviver.

Nesse sentido, é que, se pode pensar em como se pode tirar algo de útil das poeirentas: posições, relações, interpretações, tentativas de cristalizar fenômenos que podem ser entendidos de forma mais ‘clean’, ou mesmo, considerar que a sagacidade é uma virtude essencial para combater determinadas poeiras que insistem em se localizar nos cantinhos mais difíceis de serem tirados os quais, muitas vezes, apesar de tentarmos não conseguimos retirar.

Diante disso, resta talvez comprar vários espanadores e desinfetantes, a fim de saber o momento em que devemos limpar certas porcarias, e manter algumas, de forma a lidar com o universo poluído em que estamos inseridos. É por isso, que para cima de ‘mala’, só poeira!
Bárbara

Um comentário:

Anônimo disse...

A primeira faxina existente entre dois seres ( NÒS x QUALQUER OUTRO(A) somos nós que fazemos ao momento que saimos do alojamento materno, que tanto nos foi útil, fiel e hospitaleiro nesses oito ou nove meses de acolhida.
Pronto!
Com uma faxina completa, tiramos toda poeira, poeirinha e poeirona que estava alojada nesses meses.. Vez por outra a fazemos, seja em televisões, livros ou até mesmo em circuladores de ar..
Por experiência propria te digo: saia de perto de uma faxina se você possui algum tipo de alergia.
Como diria meu amigo Bruno em momentos que o convidam para lavar os pratos em confraternizações:
Cara! Posso não, tenho alergia ao detergente..

Não tenho alergia a detergente, mas a poeira tenho geral!
Meu nariz detecta uma poeirinha a quilometros. Deve ser por isso que não tenho tantas pessoas desagradáveis no convívio.



adorei o texto!